sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O Senhor das Armas



Caros Amigos,


Ontem, dia 28 de agosto, ao chegar da faculdade, como de costume, aproveitei a oportunidade para me interagir com os acontecimentos locais, nacionais e internacionais por meio dos telejornais. Embora não tivessem começado nenhum jornal, acabei fazendo como todo mundo com o controle remoto: fiquei mudando os canais até achar algo que desperte o interesse. Pois bem, ao sintonizar na Record, estava passando um filme chamado "O Senhor das Armas", estrelado pelo grande ator Nicolas Cage.


Confesso a todos que só de ver o título do filme, me despertou um grande interesse. Um dos melhores e mais criativos filmes de 2005, o filme é, desde a sua seqüência inicial, brilhante! Afinal, qual a melhor forma de expor o risco que representa uma arma de fogo a todos nós do que mostrando para que ela foi criada? A diferença é que o relativamente desconhecido diretor, Andrew Niccol (S1m0ne e Gattaca - A Experiência Genética), valendo-se de uma ousadia raramente vista na história do cinema americano contemporâneo, opta por contar, durante os créditos iniciais do longa, uma pequena estória dentro da estória principal.


A sua câmera acompanha a trajetória de uma única bala, desde a sua cuidadosa confecção em uma fábrica, seu manuseio, comércio e sucessivos transportes até seu depósito e uso em uma metralhadora numa das constantes guerras civis africanas, quando atinge acidentalmente a cabeça de uma criança que estava próxima e nada tinha a ver com o conflito. Yuri Orlov (Nicolas Cage) é filho de imigrantes ucranianos e que, ainda criança, vai para os Estados Unidos. Seduzido desde sempre pelo american way of life, ao ambicioso Orlov não resta alternativa senão ascender economicamente à margem da sociedade seguindo uma vocação que lhe parece natural: o contrabando de armas. Na maioria das vezes ele sempre diz: "A cada 12 pessoas no mundo, há uma arma. A minha preocupação é: como armar as outras 11?" (Yuri Orlov).


Sua impressionante carreira como homem de negócios amoral que desconhece princípios e ideais lhe permite ter tudo o que sempre sonhou: a admiração do irmão mais novo (Jared Leto, de Alexandre e Clube da Luta) e o amor da mulher por quem sempre foi apaixonado (a belíssima Bridget Moynahan), mas também a implacável perseguição do agente da Interpol Jack Valentine (Ethan Hawke, de Assalto a 13a. DP e Dia de Treinamento, além de Gattaca). Orlov é narrador de sua própria história, jamais manifestando remorso ou consciência durante uma transação. Seus comentários são ácidos e ferinos, jamais poupando as instituições políticas e sociais, como se tentasse minimizar a si mesmo e a sua consciência o que faz de errado.


Para ele, aliás, nada do que faz é imoral ou errado e, ao falar sobre o porque de não mais negociar com Bin Laden, por exemplo, Orlov dispara: "nunca se deu devido a questões morais; os cheques deles simplesmente retornavam". O cinismo dos seus comentários e o seu caráter um tanto niilista casam perfeitamente com as músicas da trilha sonora escolhida a dedo para ilustrar com ironia as mais diversas passagens de sua carreira e vida pessoal.


Para quem ainda não assistiu, vale a pena assistir este filme que retrata o quanto uma guerra traz de prejuízos para os países, onde as vezes predomina a miséria e a injustiça social.

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