segunda-feira, 6 de julho de 2009

A esperança de reencontrar seu filho



Caros Amigos,




Esperança e Emoção. Começo esta postagem com estas palavras que são as mais apropriadas para descrever o quanto esta senhora tem em reencontrar seu filho que desapareceu em 1982 e há 27 anos não se tem notícias de seu paradeiro. Com a saúde debilitada e de origem humilde, a aposentada Angelina Diório Ambrósio, 81 anos, residente na cidade de Penápolis, e que inclusive é tia deste blogueiro, possui uma história comovente e emocionante, onde semana passada fiz uma entrevista para o jornal no qual trabalho e reproduzo neste blog.

Por mais que muitas pessoas acreditam ou imaginam que um jornalista não tenha sentimentos, provo o contrário a todos que temos sentimentos sim, pois ao entrevistar minha tia para escrever a matéria, não contive a emoção e chorei muito ao seu lado, padecendo de seu sofrimento e angústia. Abaixo, segue a matéria que fiz e tenho certeza que ao terminar de ler, você sentirá a mesma emoção que senti ao entrevistar esta senhora e ao escrevê-la.

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Há 27 anos, mãe de ‘Esperança’ espera receber indenização


A mãe do penapolense Laércio Ambrósio, mais conhecido como “Esperança”, desaparecido desde 1982 após ter sofrido um acidente aéreo na floresta amazônica, aguarda há 27 anos a decisão da Justiça para receber as devidas ações indenizatórias nas quais tem direito. Angelina Diório Ambrósio, 81 anos, informou que o advogado Márcio Luís Monteiro de Barros está cuidando do caso. “O advogado disse que o processo está tramitando bem, mas por estar sendo julgado em Porto Velho (RO) é que está tendo essa demora na decisão”, comenta.


A mãe de Esperança lembrou que todos os documentos necessários para entrar com o processo foram feitos, aguardando apenas a decisão da Justiça. “Toda semana entro em contato para saber como está o andamento”, cita. Atualmente, Angelina recebe uma pensão mensal do governo no valor de um salário mínimo pelo desaparecimento de Ambrósio. No dia 15 de maio de 2007, a Justiça emitiu a certidão de óbito de Laércio, sendo antes da emissão do documento, ter reconhecido oficialmente a morte presumida do penapolense.


“Ter recebido este documento foi a mesma coisa de como ele chegasse morto em casa, visto ser anos de luta em busca de respostas, algumas delas ainda não respondidas”, revela emocionada. Apesar do reconhecimento da morte, Angelina garante que durante todos estes anos não se desfez das roupas e objetos pessoais de Esperança que guarda até hoje, pois os restos mortais da vítima não foram encontrados.


O reconhecimento foi feito em 2003 por meio de roupas que estavam dentro de uma mala encontrada no local do acidente. Angelina foi quem reconheceu as peças, inclusive um frasco de perfume e sapatos, haja visto ela mesma ter arrumado a mala do filho. A carteira de identidade da vítima também foi encontrada.


Viagem
Esperança (foto), na época com 34 anos, era funcionário da antiga fábrica Noropel Embalagens de Penápolis e viajou para Rondônia a trabalho, como vendedor e para fazer cobranças. Angelina conta que Ambrósio saiu de Penápolis no dia 25 de março de 1982 e viajou de carro até Cuiabá (MT), onde embarcou em um avião para Guajará-Mirim (RO), no dia 25 de março de 82 em companhia do então patrão, Osmar Buiza.


“Ele estava noivo e iria casar quando voltasse da viagem”, ressalta. Eles deveriam ficar na cidade apenas uma semana e retornar juntos, mas Ambrósio recebeu instruções para ficar e fazer algumas cobranças em Porto Velho. No dia anterior à viagem a Porto Velho, Ambrósio se hospedou no hotel Miraestrela. Lá conheceu o piloto de avião Adilson Demablo que lhe ofereceu carona. Eles decolaram, mas não chegaram ao destino. O último contato com a família foi feito no dia seis de abril, quando Ambrósio telefonou para a mãe informando que embarcaria na manhã seguinte para Porto Velho.

Segundo Angelina, estava chovendo muito na ocasião e o avião caiu na floresta em Ji-Paraná (RO), a 100 quilômetros de Porto Velho. Como se passaram vários dias e Ambrósio não entrou em contato, Angelina diz que ficou preocupada, sabendo do acontecimento sete dias depois. “Depois da notícia, meu marido (já falecido) chegou a viajar para Rondônia, onde ficou 15 dias na tentativa de encontrá-lo, sem sucesso”, lembra. A mãe e a irmã, que hoje moram em uma residência na Vila América, sobreviviam graças ao salário que ele ganhava na fábrica. Com o desaparecimento do filho, dona Angelina precisou lavar roupas para fora.

Ajuda
Na época, Angelina recorreu todos os meios para conseguir ajuda no encontro de Esperança. “Recorri ao médium brasileiro Chico Xavier que informou que tanto meu filho como o piloto estavam vivos, além de ligar para Silvio Santos, Gil Gomes e Romeu Tuma”, garante. Com a ajuda de um policial civil de Penápolis, depois de algum tempo do desaparecimento, a família resolveu produzir cartazes com a foto de Esperança e enviar para as cidades por onde ele havia passado.

A agonia de Angelina parecia estar chegando ao fim quando em 1998 uma delegada de Rolim de Moura (RO) entrou em contato informando que havia um homem não identificado estava internado há quatro anos no Hospital dos Servidores Públicos Municipal daquela cidade. “Ao saber que esse homem tinha sofrido um acidente igual o de meu filho e ter comentado que tinha muito medo de avião, minhas esperanças aumentaram”, destaca. Foram solicitadas cópias de impressões digitais de Esperança, que em uma primeira avaliação confirmou que o homem internado era mesmo o penapolense desaparecido.

Porém, no dia 22 de setembro de 1998 um novo exame de digitais, realizado pelo Instituto de Criminalística de Araçatuba, e ao enviarem a foto da pessoa para Penápolis foi confirmado que se tratava de indivíduos diferentes. Junto aos destroços da aeronave, localizados há alguns anos, foi encontrada uma ossada humana, que mais tarde um exame de DNA confirmou ser do piloto do avião Adilson Demablo.

Como não havia outra ossada no local, a suspeita é que Esperança tenha saído em busca de socorro e se perdeu na mata. Por ter esperança de um dia ainda encontrar o filho vivo, Angelina ainda não sabe se irá realizar o sepultamento simbólico. “A esperança é a última que morre. Às vezes acordo durante a noite e fico imaginando meu filho entrando pela porta da sala”, finaliza.

2 comentários:

Tamyris Araujo disse...

Que história emocionante Ivan! Parece até aquelas que eu escrevo para a Coluna Contando sua história, aqui do jornal Tribuna Regional de Auriflama!
Pode ter certeza que vc trasmitiu a emoção que sentiu em seu texto. Ficou muito bom! Parabéns!
Abraço!

PRECIOSA disse...

Que realidade triste....
DEUS acalmara o coração dessa mãe
dentro dela o filho esta vivo
por esse motivo ela ainda tem vida

estou arrepiada;;;;;;;;