domingo, 30 de agosto de 2009

Há 68 anos entrava no ar o "Repórter Esso"


Caros Amigos,


Durante muito tempo, o radiojornalismo se resumiu à leitura ao microfone de notícias recortadas de jornais. Tesoura, papel e cola eram os três recursos usados pelos radialistas na época, ferramentas estas precárias em nossos dias. Os locutores apenas liam, ao microfone, informações que já haviam sido publicadas nos jornais impressos. Isso mudou há exatos 68 anos, no dia 28 de agosto de 1941, quando o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial, ao lado das forças aliadas e a Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, colocou no ar a primeira edição do Repórter Esso, que já funcionava, de forma experimental, na Rádio Farroupilha de Porto Alegre.

O noticioso era patrocinado pela empresa Esso Brasileira de Petróleo e já existia em cidades como Nova York (EUA), Buenos Aires (Argentina), Santiago (Chile), Lima (Peru) e Havana (Cuba) - fruto da "Política de Boa Vizinhança" dos Estados Unidos com os países da América Latina, seus aliados na guerra. O programa era produzido no escritório de uma agência estrangeira de Publicidade e Propaganda, sediada no Rio de Janeiro, a partir de informações distribuídas pela agência internacional de notícias UPI (United Press International).

Até maio de 1945, quando a guerra acabou, as notícias transmitidas pelo Repórter Esso eram principalmente informes sobre o desenrolar da guerra. Os dois slogans principais do programa eram: "o primeiro a dar as últimas" e "testemunha ocular da História". A maior contribuição do Repórter Esso foi introduzir o noticiário adaptado para a linguagem radiofônica. Pela primeira vez, um jornal falado tinha horários certos para entrar no ar: às 12h55, 18h00, 19h55 e 22h55 - sem contar as edições extras, que dependiam de informações urgentes do front direto da Europa.

O Repórter Esso também lançou no Brasil o primeiro guia impresso para orientar radialistas na preparação do noticiário. O Manual de Produção destacava três regras básicas cumpridas com rigor pelo programa:

- O Repórter Esso é um programa informativo;
- O Repórter Esso não comenta notícias;
- O Repórter Esso sempre fornece as fontes da notícia.

Boa parte da grande credibilidade do Repórter Esso junto aos ouvintes na época da guerra foi resultado da locução de Heron Domingues (foto), escolhido entre centenas de candidatos para dar voz ao Repórter Esso. Milhares de ouvintes se acostumaram e aprenderam a confiar no estilo de locução de Heron, que passou a ser imitado em todo o País.Passaram também pelo Repórter Esso, nos tempos áureos, os locutores Gontijo Teodoro e Luís Jatobá.

O programa Repórter Esso terminou suas transmissões em 31 de dezembro de 1968 com Heron Domingues narrando a abertura, e Roberto Figueiredo despedindo-se dos ouvintes bastante emocionado. Na televisão, o Repórter Esso ainda permaneceu no ar até o final de 1970. E para relembrarmos este radiojornal que foi o marco para a informação do Rádio, segue abaixo o audio do último programa em Heron se emociona:

2 comentários:

Anônimo disse...

::: Durante muitos anos, minha irmã mais velha dizia que o Repórter Esso ia começar ao se referir ao Jornal Nacional - ela confundia os nomes. Eu não entendia o que ela queria dizer até crescer e saber da história deste marco do rádio. Belo post, amigão!

Tamyris Araujo disse...

Olá, Ivan!
Parabéns pelo post.
Aprendemos na facul sobre o Repórter Esso...grandes narrativas.
Abraço querido.