terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O cinema sem Mazzaropi



Caros Amigos,





Falar do cinema brasileiro, é lembrar de um grande ícone que fez sucesso e até hoje é lembrado por todos nós pelos seus filmes mais que engraçados, onde retratavam a condição das pessoas e mostrava o jeito do brasileiro em ser "folgado" com respeito ao trabalho. Trata-se de Amácio Mazzaropi, ou simplesmente Mazzaropi como ficou conhecido nas telas de cinema.


Filho de Bernardo Mazzaroppi, imigrante italiano e Clara Ferreira, portuguesa, com apenas dois anos de idade sua família muda-se para Taubaté, no interior de São Paulo. O pequeno Amácio passa longas temporadas no município vizinho de Tremembé, na casa do avô materno, o português João José Ferreira, exímio tocador de viola e dançarino de cana verde. Seu avô também era animador das festas do bairro onde morava, às quais levava seus netos que, já desde cedo, entram em contato com a vida cultural do caipira, que tanto inspirou Mazzaropi.


Em 1919, sua família volta à capital e Mazzaropi ingressa no curso primário do Colégio Amadeu Amaral, no bairro do Belém. Bom aluno, era reconhecido por sua facilidade em decorar poesias e declamá-las, tornando-se o centro das atenções nas festas escolares. Em 1922 morre o avô paterno e a família muda-se novamente para Taubaté, onde abrem um pequeno bar. Mazzaropi continua a interpretar tipos nas atividades escolares e começa a freqüentar o mundo circense. Preocupados com o envolvimento do filho com o circo, os pais mandam Amácio aos cuidados do tio Domenico Mazzaroppi em Curitiba, onde trabalha na loja de tecidos da família.


Já com quatorze anos, regressa à capital paulista ainda com o sonho de participar em espetáculos de circo e, finalmente, entra na caravana do Circo La Paz. Nos intervalos do número do faquir, Mazzaropi conta anedotas e causos, ganhando uma pequena gratificação. Sem poder se manter sozinho, em 1929 Mazzaropi volta a Taubaté com os pais, onde começa a trabalhar como tecelão, mas não consegue se manter longe dos palcos e atua numa escola do bairro.


Convidado por Abílio Pereira de Almeida e Franco Zampari, Mazzaropi estréia seu primeiro filme, intitulado Sai da Frente, em 1952, rodado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, onde filmaria mais duas películas. Com as dificuldades financeiras da Vera Cruz, Mazzaropi faz, até 1958, mais cinco filmes por diversas produtoras. Naquele mesmo ano, vende sua casa e cria a PAM Filmes (Produções Amácio Mazzaropi). O primeiro filme da nova produtora é Chofer de Praça, que agora passa não só a produzir, mas distribuir as películas em todo o Brasil. Em 1959 é convidado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o famoso Boni, na época da TV Excelsior de São Paulo, a fazer um programa de variedades que fica no ar até 1962. Neste mesmo ano começa a produzir um de seus filmes mais famosos, o "Jeca Tatu", que vai aos cinemas no ano seguinte.


Em 1961, Mazzaropi adquire uma fazenda onde inicia a construção de seu primeiro estúdio de gravação, que produzirá seu primeiro filme em cores, Tristeza do Jeca, que também será o primeiro filme veiculado na televisão pela Excelsior e a ganhar prêmios para melhor ator coadjuvante, Genésio Arruda, e melhor canção. Seis anos mais tarde, lança o filme "O Corintiano", recorde de bilheteria do cinema nacional. Em 1972 é recebido pelo então presidente da República, o general Emílio Garrastazu Médici, ao qual pede mais apoio ao cinema brasileiro. Em 1974, rodao filme "Portugal, minha saudade", com cenas gravadas no Brasil e em Portugal.


No ano seguinte, começa a construir em Taubaté um grande estúdio cinematográfico, oficina de cenografia e um hotel para os atores e técnicos. A partir de então produz e distribui mais cinco filmes até 1979. Seu 33º filme, Maria Tomba Homem, nunca será terminado. Depois de 26 dias internado, Mazzaropi morre vítima de um câncer na medula óssea aos 69 anos de idade no hospital Albert Einstein de São Paulo. É enterrado na cidade de Pindamonhangaba, no mesmo cemitério onde seu pai já repousava. Nunca se casou, mas deixou um filho adotivo, Péricles Mazzaropi.

Em 1994 é inaugurado o Museu Mazzaropi, localizado na mesma propriedade dos antigos estúdios, recolhendo a história da carreira de um dos maiores nomes do cinema, do teatro e da televisão brasileiros. Foi somente na década de 90 que a cultura brasileira começou a ver de uma outra óptica a obra de Mazzaropi, que durante sua vida sempre foi duramente atacado (ou ignorado) pela crítica e pela intelectualidade de muitas pessoas que se diziam "intelectuais" do cinema brasileiro.


Desde os anos 80, a cidade de São Paulo possui equipamentos culturais com filosofia descentralizada com o objetivo de formar profissionais da arte e da cultura (ou reforçar a sua formação). A Oficina Cultural que homenageia Amácio Mazzaropi foi criada em agosto de 1990 e está instalada num edifício quase centenário (1912), construído especialmente para abrigar a segunda mais antiga Escola Normal de São Paulo, a Escola Padre Anchieta. O Condephaat tombou o prédio em 1988. Trata-se de um centro fomentador da cultura brasileira, responsável em trabalhar o resgate da cultura popular e o intercâmbio entre artistas com atividades nas diversas expressões artísticas. O objetivo é integrar artistas amadores e profissionais, formar públicos e ampliar sua atuação para bairros como o Brás, o Pari, o Belém e a Moóca.


Obrigado Mazzaropi por nos proporcionar alegrias pelos seus filmes que são sucesso até hoje!!!

2 comentários:

Cláudio Henrique disse...

E ae cara. Mazzaropi foi um genio, fazendo humor sem maldade, mas com muita competencia. Abraços, e bela homenagem

Anônimo disse...

Bela homenagem! Mazzaropi é um nome que deve sempre ser lembrado. Eu, como filha do Vale do Paraíba (Pindamonhangaba), fico feliz em saber que a história da minha região faz parte da história do Mazzaropi e vice-versa!

bjs... Blog maraaaaaaaaaa